5 Mentiras que Pregam nos Púlpitos, mas Não Estão na Bíblia Artigo @DrMFrank

Quando o discurso parece espiritual, mas contradiz a Palavra

Você já saiu de um culto se sentindo culpado, confuso ou até enganado? Já ouviu algo que soava espiritual, motivacional e cheio de frases bonitas, mas que, quando confrontado com a Bíblia, simplesmente não se sustentava? Essa sensação não é rara — e nem sempre é fruto de má intenção. Muitas vezes, nasce da repetição acrítica de ensinos populares que, com o tempo, ganham status de verdade bíblica, mesmo sem base nas Escrituras.

O problema é sério. Ensinos distorcidos não apenas confundem; eles adoecem a fé, desequilibram emocionalmente, geram frustração espiritual e, em muitos casos, causam prejuízos financeiros e morais. Jesus advertiu que a verdade liberta (João 8:32), mas também alertou que falsos mestres surgiriam falando coisas agradáveis aos ouvidos (Mateus 7:15; 2 Timóteo 4:3).

Neste artigo, vamos expor cinco mentiras frequentemente pregadas em púlpitos, confrontá-las com a Bíblia e recuperar o evangelho simples, profundo e libertador de Cristo.

1. “Se você ofertar, Deus vai te enriquecer”

Essa é uma das mentiras mais difundidas do cristianismo moderno e recebe o nome de teologia da prosperidade. A lógica é simples e perigosa: dê dinheiro a Deus — geralmente por meio de um líder ou ministério — e Ele será obrigado a te devolver multiplicado, como se o Reino funcionasse por leis financeiras automáticas.

A Bíblia, de fato, fala sobre generosidade. O problema não está em ofertar, mas no motivo e na promessa associada à oferta.

Paulo é claro em 2 Coríntios 9:7:

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.”

Observe que não há pressão, barganha ou promessa de enriquecimento. A oferta é um ato de adoração, não um investimento espiritual.

Jesus elogiou a viúva pobre (Marcos 12:41–44), mas em nenhum momento prometeu que ela ficaria rica. Pelo contrário: Ele expôs um sistema religioso que explorava os pobres enquanto enriquecia líderes.

Quando Paulo afirma que Deus suprirá todas as nossas necessidades (Filipenses 4:19), ele não está falando de luxo, ostentação ou status social, mas de sustento. O próprio contexto mostra que Paulo escreve isso enquanto está preso e vivendo privações.

A Bíblia nunca promete riqueza material como sinal de fé. Pelo contrário, Jesus advertiu que o amor ao dinheiro é perigoso (Mateus 6:24) e Paulo afirmou que o amor ao dinheiro é raiz de muitos males (1 Timóteo 6:9–10).

Oferta não é moeda de troca. Quem transforma o evangelho em um esquema de enriquecimento rápido distorce a mensagem de Cristo.

2. “Pecado perdoado não tem consequências”

Essa mentira nasce de uma compreensão superficial da graça. Sim, Deus perdoa completamente o pecado quando há arrependimento genuíno. A Bíblia é inequívoca:

“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar” (1 João 1:9).

Mas perdão não significa ausência de consequências. Paulo adverte:

“Não se enganem: de Deus não se zomba. Tudo o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7).

O maior exemplo disso é o rei Davi. Após adulterar com Bate-Seba e mandar matar Urias, Davi foi confrontado pelo profeta Natã. Ele se arrependeu profundamente, e Deus o perdoou (2 Samuel 12:13). No entanto, as consequências permaneceram: conflitos familiares, dor, perda e vergonha pública.

Isso não diminui a graça; pelo contrário, mostra que ela é real. A graça restaura o relacionamento com Deus, mas não apaga automaticamente os efeitos do pecado na história, nos relacionamentos e no corpo.

Ignorar isso gera cristãos irresponsáveis espiritualmente, que confundem misericórdia com permissividade. A Bíblia chama isso de engano perigoso (Romanos 6:1–2).

3. “Quem tem o Espírito Santo nunca fica triste”

Essa é uma das mentiras mais cruéis pregadas nas igrejas, porque transforma sentimentos humanos em culpa espiritual. Muitos cristãos escondem luto, depressão, ansiedade e dor com medo de serem vistos como fracos na fé.

Mas a Bíblia conta outra história.

Jesus chorou (João 11:35). Chorou mesmo sabendo que ressuscitaria Lázaro. No Getsêmani, declarou:

“A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mateus 26:38).

O apóstolo Paulo descreveu angústia, aflição e até desespero (2 Coríntios 1:8). Jó lamentou. Jeremias chorou. Os Salmos estão cheios de lamentos escritos por homens cheios do Espírito.

O Espírito Santo não nos transforma em robôs emocionais. Ele nos consola, nos fortalece e nos sustenta no sofrimento. Tristeza não é pecado. Luto não é falta de fé. Buscar ajuda emocional ou psicológica não é sinal de fraqueza espiritual.

Jesus não condena quem chora; Ele promete consolo (Mateus 5:4).

4. “Quem tem fé não precisa trabalhar, porque Deus proverá”

Essa mentira gera frustração, pobreza evitável e dependência irresponsável. A Bíblia nunca opôs fé e trabalho. Pelo contrário, sempre os tratou como complementares.

Paulo foi direto:

“Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Tessalonicenses 3:10).

Deus é provedor, mas Ele também é Deus de ordem. Desde a criação, o trabalho faz parte do propósito humano (Gênesis 2:15). Provérbios está repleto de advertências contra a preguiça:

“Vá ter com a formiga, ó preguiçoso” (Provérbios 6:6).

Orar pedindo o pão de cada dia não exclui levantar cedo, estudar, se esforçar e assumir responsabilidades. Esperar que Deus faça o que Ele nos chamou para fazer é tentação — e Jesus já respondeu a isso no deserto (Mateus 4:7).

5. “Crente não pode sentir medo”

Sentir medo virou sinônimo de falta de fé em muitos ambientes religiosos. Isso leva pessoas a fingirem coragem enquanto sofrem em silêncio.

A Bíblia, porém, está cheia de servos fiéis que sentiram medo:

  • Moisés teve medo de falar (Êxodo 4:10)

  • Elias teve medo e desejou morrer (1 Reis 19:4)

  • Pedro teve medo e negou Jesus (Lucas 22:61–62)

O problema não é sentir medo; é ser dominado por ele. Coragem bíblica não é ausência de medo, mas obediência apesar dele.

Por isso Deus repete tantas vezes: “Não temas, porque Eu sou contigo” (Isaías 41:10). Ele não diz isso para nos humilhar, mas para nos fortalecer.

Conclusão: a verdade que liberta

Essas cinco mentiras têm causado estragos profundos no corpo de Cristo. Elas criam falsas expectativas, distorcem a Palavra e afastam pessoas do evangelho genuíno.

Jesus não prometeu uma vida sem dor, medo ou trabalho. Ele prometeu presença, verdade e salvação. Quando a igreja troca a verdade bíblica por discursos agradáveis, perde poder espiritual.

Voltar às Escrituras não é retrocesso; é sobrevivência. A fé que liberta não é a que massageia o ego, mas a que transforma o coração.

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).

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