A Europa se pergunta: citar a Bíblia é crime?
O livro sagrado do cristianismo tornou-se o centro de um julgamento que vem sendo acompanhado atentamente por todo o continente europeu. O chamado Caso Räsänen levanta uma questão fundamental para democracias modernas: até onde vai a liberdade religiosa e de expressão quando convicções bíblicas entram em conflito com legislações contemporâneas sobre discurso de ódio?
A parlamentar finlandesa Päivi Räsänen, ex-ministra do Interior da Finlândia e atual deputada em seu oitavo mandato pelo Partido Democrata Cristão, é acusada de discurso de ódio por citar versículos bíblicos ao criticar relacionamentos homoafetivos. O caso chegou agora à Suprema Corte da Finlândia, após a parlamentar ter sido absolvida duas vezes em instâncias anteriores.
O início do processo
O processo teve início em 2019, quando Räsänen publicou em suas redes sociais um trecho da Carta aos Romanos, questionando a participação da Igreja Luterana da Finlândia em um evento do orgulho LGBT. Além dessa publicação, também são analisados:
Um panfleto escrito por ela em 2004 sobre ética sexual cristã;
Declarações feitas em um programa de rádio.
Segundo a acusação, mesmo baseadas na Bíblia, tais declarações seriam ofensivas e poderiam incentivar discriminação contra minorias sexuais. Já a defesa sustenta que punir manifestações religiosas dessa natureza coloca em risco a liberdade religiosa, além de criar um precedente perigoso para criminalizar crenças cristãs tradicionais.
Absolvições e recurso do Ministério Público
Apesar de ter sido absolvida em duas ocasiões, o Ministério Público finlandês recorreu das decisões, levando o caso à Suprema Corte. Audiências realizadas em outubro foram marcadas por forte repercussão pública e debates intensos sobre direitos fundamentais.
Ainda não há prazo para a divulgação da sentença final, embora a expectativa seja de que ocorra antes do fim do ano.
Repercussão internacional
O caso ganhou destaque em veículos cristãos e seculares, como Evangelical Times e Free Press, além de ampla cobertura em canais internacionais. Para muitos observadores, o julgamento não se restringe à Finlândia, mas reflete um fenômeno mais amplo observado em diversos países europeus.
Em entrevista, Räsänen afirmou ter ficado “profundamente surpresa e preocupada” ao perceber que citar a Bíblia publicamente em um país democrático com longa tradição de liberdade religiosa poderia resultar em investigação criminal.
Casos semelhantes pela Europa
A situação finlandesa não é isolada. Episódios semelhantes têm sido registrados em vários países europeus:
Alemanha (2020): o pastor Olaf Latzel foi condenado em primeira instância por chamar a ideologia LGBT de “degenerada” durante um seminário sobre casamento. Dois anos depois, foi absolvido.
Reino Unido: pessoas foram presas por rezar silenciosamente próximo a clínicas de aborto; pregadores de rua foram detidos por citar a Bíblia em público, com relatos de apreensão do livro por policiais.
Bélgica: padres e blogueiros católicos receberam visitas policiais por comentários considerados anti-LGBT.
Casos similares também ocorreram na Suíça, Suécia, Islândia e outros países do continente.
Embora alguns argumentem que se tratam de incidentes isolados, a recorrência desses episódios tem alimentado um debate público crescente sobre os limites da liberdade de expressão religiosa.
Dados e tendências sociais
Pesquisas ajudam a contextualizar o cenário. Segundo o Pew Research Center, há uma queda consistente na participação religiosa e no número de pessoas que se declaram cristãs em vários países europeus. Entre os jovens, o crescimento dos que se identificam como sem religião é ainda mais expressivo, especialmente no Reino Unido e na Alemanha.
Dados do British Social Attitudes Survey indicam que, em 1983, cerca de 66% da população britânica se declarava cristã. Em 2023, esse número caiu para aproximadamente 46%. Na Alemanha, entre 1990 e 2020, a proporção de cristãos caiu de cerca de 80% para 60%.
Especialistas apontam múltiplos fatores para esse declínio, incluindo mudanças culturais, ceticismo religioso e desafios decorrentes da assimilação de grandes fluxos migratórios, especialmente após a crise síria.
Intolerância contra cristãos
O Relatório Europeu de 2025 do Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra Cristãos, sediado em Viena, identificou 2.211 crimes de ódio anticristãos no último ano. Os níveis mais elevados foram registrados em França, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Áustria.
Na Espanha, por exemplo, um monge de 76 anos foi assassinado durante um ataque a um mosteiro. Além disso, com o fechamento de muitas igrejas, construções cristãs históricas têm sido transformadas em bares e espaços culturais. Um exemplo emblemático é uma antiga igreja católica do século XVII, em Dublin, que atualmente funciona como bar e foi palco de festas de Ano Novo.
Um debate em aberto
O Caso Räsänen ultrapassa a figura de uma parlamentar específica e se torna símbolo de um debate mais amplo: é possível preservar valores democráticos sem comprometer a liberdade religiosa? Até que ponto convicções baseadas em textos sagrados podem ser expressas sem serem criminalizadas?
Enquanto a Suprema Corte da Finlândia não divulga seu veredito, o continente europeu observa atentamente. O resultado poderá estabelecer precedentes que afetarão não apenas parlamentares, líderes religiosos e cristãos praticantes, mas o próprio conceito de liberdade de expressão religiosa no Ocidente. @DrMFrank
OPINIÃO DrMFrank
Quando citar a Bíblia se torna crime –
Caso Räsänen
“Importa obedecer a Deus antes que aos homens.” (Atos 5:29)
A Europa assiste, perplexa, a um julgamento que ultrapassa as fronteiras da Finlândia e alcança todos aqueles que professam a fé cristã. O Caso Räsänen não trata apenas de uma parlamentar, mas de uma pergunta inquietante: estamos caminhando para um tempo em que citar a Bíblia será considerado crime?
A deputada finlandesa Päivi Räsänen, cristã confessa, ex-ministra do Interior e atualmente em seu oitavo mandato, responde a um processo por “discurso de ódio” simplesmente por citar versículos bíblicos ao expressar sua visão cristã sobre família e sexualidade. O fato de esse caso ter chegado à Suprema Corte da Finlândia revela a gravidade do momento que vivemos.
A criminalização da fé
O processo teve início em 2019, quando Räsänen publicou um trecho da Carta aos Romanos, questionando a participação da Igreja Luterana da Finlândia em um evento do orgulho LGBT. Além disso, um panfleto escrito em 2004 e declarações em um programa de rádio também foram incluídos na acusação.
É alarmante perceber que textos bíblicos, que há séculos fundamentam valores morais, culturais e jurídicos do Ocidente, agora sejam tratados como potencialmente criminosos. O argumento da acusação é que, mesmo baseadas na Bíblia, tais declarações seriam ofensivas e poderiam incentivar discriminação. A defesa, corretamente, alerta que punir a citação das Escrituras ameaça diretamente a liberdade religiosa e abre um precedente perigoso para a perseguição aos cristãos.
Um precedente que preocupa
Embora Räsänen já tenha sido absolvida duas vezes, o Ministério Público recorreu, levando o caso à instância máxima do Judiciário finlandês. Isso revela que não se trata apenas de justiça, mas de uma tentativa de silenciar a fé cristã no espaço público.
A própria parlamentar declarou surpresa e profunda preocupação ao perceber que, em uma nação democrática, citar a Bíblia publicamente pode levar a uma investigação criminal. Essa constatação ecoa o alerta bíblico: “E todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (2 Timóteo 3:12)
O que acontece na Finlândia já acontece em outros países
O caso finlandês não é isolado. Em toda a Europa, cristãos enfrentam restrições semelhantes:
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Na Alemanha, um pastor foi condenado por chamar a ideologia LGBT de “degenerada” à luz da Bíblia — embora posteriormente absolvido.
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No Reino Unido, pessoas foram presas por orar silenciosamente perto de clínicas de aborto e pregadores de rua foram detidos por citar as Escrituras em público.
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Na Bélgica, padres e blogueiros católicos receberam visitas policiais por comentários considerados contrários à agenda LGBT.
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Casos semelhantes ocorreram na Suíça, Suécia, Islândia e outros países.
Tudo isso aponta para um cenário preocupante: a fé cristã é cada vez mais tolerada apenas quando permanece calada.
Uma Europa que se afasta de suas raízes
Pesquisas do Pew Research Center mostram uma queda acentuada no número de pessoas que se declaram cristãs na Europa, especialmente entre os jovens. No Reino Unido, por exemplo, a população cristã caiu de 66% em 1983 para cerca de 46% em 2023. Na Alemanha, o declínio também é expressivo.
Ao mesmo tempo, o Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra Cristãos registrou mais de 2.200 crimes de ódio anticristãos em um único ano. Igrejas são vandalizadas, fiéis são atacados, e símbolos cristãos são ridicularizados, enquanto o silêncio cúmplice se espalha.
Quando o mundo rejeita a Palavra
O que vemos é o cumprimento claro das palavras de Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro do que a vós me odiou a mim.” (João 15:18)
A Bíblia não mudou. O que mudou foi o coração dos homens. Quando sociedades rejeitam a verdade absoluta das Escrituras, passam a tratar a Palavra de Deus como intolerância, e o pecado como virtude.
O Caso Räsänen é um alerta para a Igreja de Cristo: ou permanecemos firmes na verdade, ou seremos engolidos pelo silêncio imposto. Não se trata de ódio, mas de fidelidade. Não se trata de discriminação, mas de convicção.
Um chamado à Igreja
Este é o tempo de vigilância, oração e posicionamento. Não com violência, não com arrogância, mas com a mesma coragem dos apóstolos, que afirmaram diante das autoridades: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus.” (Atos 4:19)
Que o povo de Deus desperte. Que a Igreja não negocie a verdade. E que, se citar a Bíblia se tornar crime, que sejamos encontrados culpados por amar e obedecer à Palavra de Deus. @DrMFrank
