Desenvolvido pela Organização Meteorológica Mundial
Entre 1979 e 1981, na Espanha, a primeira tentativa de aumentar as chuvas ocorreu por meio do Projeto de Intensificação da Precipitação, coordenado pela Organização Meteorológica Mundial. Mas as chuvas nunca foram aumentadas pela semeadura de nuvens.
“Em 1979, em Valladolid, foram desenvolvidas diferentes técnicas de observação das nuvens do local e não atendiam a nenhuma condição possível para realizar experimentos de semeadura de nuvens. O projeto ficou paralisado”, diz José Luis Sánchez, professor de Física Aplicada da Universidade de León e pesquisador desses experimentos.
O processo que dá origem a uma nuvem e a formação de chuva, granizo ou neve é complexo. No entanto, existe a possibilidade de intervir dentro da nuvem injetando iodeto de prata, que graças à sua estrutura cristalina semelhante ao gelo aumenta o aumento de água na nuvem. Essa intervenção é chamada de “semeadura de nuvens”. E aqui “o tipo de nuvem é fundamental”, explica Sánchez, porque dos milhões de toneladas de água dentro dela, apenas 2% ou 3% precipita. “Os aumentos são considerados altos quando, se ia cair 2%, cai 2,2%; é muito pouco, mas isso significa que você aumentou a precipitação no solo em 10% ou 20%, e isso é muito”, continua ele.
Onde houve sucesso foi na luta contra o granizo, que tem sido aplicado em várias áreas da Espanha (Comunidade Valenciana, Castilla-La Mancha, Madri, Aragão, La Rioja ou Catalunha), praticamente continuamente desde 1979. “A luta contra o granizo que está ocorrendo atualmente na Espanha me dá a impressão de que é feita de uma maneira um pouco particular, além da Comunidade de Madri e aqui em Aragão”, diz Fernando Peligero, diretor administrativo do consórcio antigranizo de Aragão.
Seu principal objetivo é evitar perdas na agricultura como resultado do granizo. “Começamos na década de 70 fazendo semeadura de nuvens com o equipamento”, relata Peligero sobre o início do consórcio Aragão. E continua: “A luta foi inicialmente realizada pela câmara provincial que reunia os agricultores e quem é o mais interessado no sistema. Era mais uma associação profissional do que algo institucional ou público.
Seu principal objetivo é evitar perdas na agricultura em decorrência do granizo
Por meio da câmara provincial, as associações de agricultores solicitaram subsídios para realizar a operação de semeadura de nuvens. “Em cada cidade havia um responsável para que quando a Agência Meteorológica do Estado (Aemet) desse o aviso de risco de granizo, lançasse a operação”, continua. Com o tempo, as associações de agricultores formaram uma grande rede de geradores que se decidiu formalizar e ter caráter público para investigar mais a fundo esse sistema e melhorar o que já estava sendo feito.
A operação antigranizo praticada na Espanha consiste em colocar no solo uma série de geradores que emitem todos ao mesmo tempo. “Têm que ser superfícies bastante grandes, ou seja, é necessário estabelecer áreas de pelo menos 2.000, 3.000, 4.000 quilômetros quadrados, porque senão o sistema não funciona bem”, esclarece José Luis Sánchez. “Então, a partir do solo e em certos pontos que devem ser estudados de antemão, são colocados sistemas que lançam núcleos de iodeto de prata na atmosfera”, diz o professor da Universidade de León.
O consórcio Aragão apostou nesta operação e investiu um valor significativo na compra de equipamentos melhorados que estavam no mercado e que eram usados nos Estados Unidos. “A administração pagou pelo equipamento e pela assessoria científica da Universidade de León, que foi quem projetou os geradores atuais que temos”, explica Peligero.
Em Madri, eles não usam os geradores modernizados de Aragão, eles usam os geradores Dessens, que levam o nome de seu projetista, Jean Dessens, um físico francês.