Ter a liberdade de fazer uma oração a Deus antes de iniciar uma disputa esportiva é algo que os atletas de dois times da Flórida, Estados Unidos, mantém como uma tradição. No entanto, agora, um grupo resolveu iniciar uma batalha judicial para impedir que os jogadores cristãos tenham essa iniciativa.
Os atletas americanos são do Jacksonville Jaguars e Tennessee Titans, ambos da liga esportiva NFL. Os seus times, agora, estão tendo que lutar na Justiça desde 2015, quando a Associação Atlética da High School da Flórida moveu uma ação contra os clubes pela primeira vez.
A Associação alega que mesmo sendo times de unidades de ensino privadas, inclusive de confissão cristã, a iniciativa dos jogadores de fazer uma oração antes dos jogos violaria a liberdade de consciência de outras pessoas, já que eles também se apresentam em estádios públicos mantidos pelo governo.
A defesa dos times está sendo feita pelo First Liberty Institute, que aponta “o direito constitucional de orar pelo alto-falante no início do jogo de futebol do campeonato estadual entre duas escolas cristãs” como algo absolutamente natural.
“A Primeira Emenda protege os direitos dos alunos e professores de uma escola cristã privada de orar antes de um jogo de futebol, especialmente quando ambas as equipes são cristãs e têm uma tradição de oração antes dos jogos “, disse Jeremy Dys, consultor sênior do First Liberty Institute.
“Ao proibir a oração pré-jogo pelo alto-falante, a Associação Atlética da High School da Flórida (FHSAA) enviou uma mensagem a esses alunos de que a oração está errada e algo que você deveria ter vergonha. Isso é perigoso e inconstitucional”, completou Jeremy, segundo informações da WND.
Perseguição velada
A reação da Associação Atlética da High School da Flórida é só mais um exemplo de perseguição religiosa velada aos cristãos. Outros casos semelhantes, também envolvendo atletas ou técnicos cristãos, já foram registrados nos Estados Unidos. Veja outro exemplo abaixo:
A Suprema Corte dos Estados Unidos deu ganho de causa a um treinador de futebol americano, cristão, que dava aulas para uma escola do Ensino Médio e criou o hábito de orar no campo após os jogos e foi demitido por isso.
A decisão da Suprema Corte, divulgada na manhã de ontem, 27 de junho, foi tomada por 6 a 3 contra o Distrito Escolar de Bremerton, que discriminou o treinador Joe Kennedy.
O juiz Neil Gorsuch emitiu a opinião do tribunal, sendo acompanhado pelo presidente do tribunal John Roberts e pelos juízes Clarence Thomas, Samuel Alito, Amy Coney Barrett e Brett Kavanaugh.
“Kennedy orou durante um período em que os funcionários da escola estavam livres para falar com um amigo, fazer uma reserva em um restaurante, verificar e-mail ou atender a outros assuntos pessoais. Ele ofereceu suas orações em silêncio enquanto seus alunos estavam ocupados. Ainda assim, o distrito escolar de Bremerton o disciplinou de qualquer maneira”, escreveu Gorsuch.
“Tanto as cláusulas de livre exercício quanto de liberdade de expressão da Primeira Emenda protegem expressões como a do Sr. Kennedy… A Constituição e o melhor de nossas tradições aconselham respeito e tolerância mútuos, não censura e supressão, tanto para visões religiosas quanto não religiosas”, acrescentou o juiz da Suprema Corte.
O treinador cristão, que perseverou desde 2016 na defesa da liberdade religiosa e de expressão, lutando nos tribunais por seis anos, comemorou a decisão:
“Isso é incrível. Tudo o que eu sempre quis foi voltar ao campo com meus caras. Sou incrivelmente grato à Suprema Corte, à minha fantástica equipe jurídica e a todos que nos apoiaram. Agradeço a Deus por responder nossas orações e sustentar minha família durante esta longa batalha”, declarou, segundo informações do portal The Christian Post.
Entenda o caso
O treinador Joe Kennedy tinha o hábito de ir para o meio de campo, na linha de 50 jardas, após os jogos do Ensino Médio e orar. Em muitas ocasiões, torcedores e alunos se juntavam a ele.
Em 2015, o distrito escolar suspendeu Kennedy por esse motivo e meses depois decidiu não renovar seu contrato por causa de sua recusa em parar de orar em campo. Kennedy processou o distrito escolar em 2016, acusando-os de violar sua liberdade religiosa.
Em janeiro deste ano, a Suprema Corte concordou em ouvir um recurso no caso e realizou uma audiência em abril, com os juízes debatendo se a prática de oração de Kennedy era coercitiva.
Kelly Shackelford, presidente da First Liberty, uma entidade de defesa da liberdade religiosa sediada no Texas que o treinador cristão nos processos, saudou a decisão da Suprema Corte, classificando-a como uma “tremenda vitória para o treinador Kennedy e liberdade religiosa para todos os americanos”.
“Nossa Constituição protege o direito de todo americano de se engajar em expressões religiosas privadas, incluindo orar em público, sem medo de ser demitido. Estamos gratos que a Suprema Corte tenha reconhecido o que a Constituição e a lei sempre disseram – os americanos são livres para viver sua fé em público”, acrescentou.
Paul Cement, ex-procurador-geral dos EUA e advogado da rede First Liberty que defendeu o caso de Kennedy perante os juízes, afirmou que após “longos anos, o técnico Kennedy pode finalmente retornar ao lugar ao qual pertence – treinando futebol e orando silenciosamente sozinho após o jogo. Esta é uma grande vitória para o treinador Kennedy e a Primeira Emenda”.
Os votos discordantes foram dados pelos juízes Sonia Sotomayor, que relatou a dissidência, Stephen Breyer e Elena Kagan.