O documento do Vaticano prossegue afirmando que “quando as pessoas pedem uma bênção, uma análise moral exaustiva não deve ser colocada como pré-condição para conferi-la” e que “aqueles que buscam uma bênção não devem ser obrigados a ter perfeição moral prévia”.

Para os casais do mesmo sexo, “pode ser concedida uma bênção que não só tem um valor ascendente, mas também envolve a invocação de uma bênção que desce de Deus sobre aqueles que – reconhecendo-se destituídos e necessitando de sua ajuda – não reivindicam uma legitimação de sua própria condição, mas que imploram que tudo isso seja verdade, bons e humanamente válidos em suas vidas e em seus relacionamentos sejam enriquecidos, curados e elevados pela presença do Espírito Santo”.

A declaração alertava que “não se deve prever nem promover um ritual para as bênçãos de casais em situação irregular”.

“Ao mesmo tempo, não se deve impedir ou proibir a proximidade da Igreja com as pessoas em todas as situações em que possam buscar a ajuda de Deus por meio de uma simples bênção”, continuou o documento do Vaticano.

“Em uma breve oração que precede essa bênção espontânea, o ministro ordenado pode pedir que as pessoas tenham paz, saúde, espírito de paciência, diálogo e ajuda mútua – mas também a luz e a força de Deus para poder cumprir sua vontade completamente.”

Na semana passada, o dicastério divulgou orientações esclarecendo que mães solteiras que confessaram seus pecados podem receber a Eucaristia mesmo que “levem uma existência muito complexa”.

Em outubro de 2020, o papa Francisco gerou polêmica ao aparecer endossando uniões civis para casais do mesmo sexo, sendo citado em um documentário italiano.

“As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou ficar infeliz por causa disso”, disse Francisco no filme, acrescentando: “o que temos que criar é uma lei de união civil. Dessa forma, eles estão legalmente cobertos. Eu defendi isso.”

Em resposta, a Secretaria de Estado do Vaticano enviou um comunicado a autoridades da Igreja Católica em todo o mundo explicando que os comentários não mudaram o ensino da Igreja sobre o assunto.

O comunicado explicou que os comentários feitos por Francisco na entrevista gravada foram “editados e publicados como uma única resposta sem a contextualização necessária”.

“Está claro que o papa Francisco estava se referindo a regulamentos estatais específicos, certamente não à doutrina da Igreja, que ele reafirmou inúmeras vezes ao longo dos anos”, afirmou o Secretariado na época, conforme relatado pelo National Catholic Reporter.